Área: 2,05 km² = 205,00 hectares = 2.050.000,00 m²
Local: Florianópolis SC
Localização Distrital
A área está localizada na porção sul da Ilha de Santa Catarina, limitando-se ao norte com a Lagoa da Conceição, ao sul com o Parque da Lagoa do Peri, ao leste com o Oceano Atlântico e ao oeste com o Aeroporto Hercílio Luz.
Uso e Ocupação
Desenvolvimento Urbano
O rápido crescimento populacional, aliado à falta de acompanhamento adequado da infraestrutura, resultou em um processo de descentralização e segregação urbana. A valorização imobiliária intensa em Florianópolis se apresenta como um fator crucial no aprofundamento do estudo da situação e na formulação das propostas. Com base nas especulações imobiliárias, observou-se um aumento de valores de imóveis entre 20% e 50% ao ano, o que ocasionou um processo descontrolado de urbanização, impulsionado pela velocidade do mercado imobiliário em contraste com a resposta do poder público.
Atração do Distrito
O distrito é altamente procurado por futuros moradores, especialmente devido às suas belezas naturais e à localização privilegiada, próxima ao centro da cidade, à Praia da Joaquina e à Lagoa da Conceição. A área é predominantemente composta por estabelecimentos comerciais de pequeno porte, com exceção de bares, restaurantes, pousadas, postos de abastecimento, oficinas e borracharias, que atendem tanto à população local quanto ao tráfego de passagem. O turismo de verão representava a principal fonte de renda dos moradores, especialmente daqueles que possuíam casas ou pousadas para aluguel. Nesse período, a proporção de turistas para moradores chega a ser de um para um, ou seja, para cada residente da região, há um turista.
Sistema Viário
Zoneamento Proposto
Foi realizado um estudo para a proposta de um novo zoneamento urbano, que abrange todos os tipos de ocupação, visando proporcionar um direcionamento mais eficaz ao crescimento urbano da região e ao seu entorno.
Implantação Proposta
O projeto de intervenção distrital tem como objetivo atender às necessidades da comunidade local, contemplando áreas de lazer, turismo e serviços públicos. Foram propostas novas infraestruturas para melhorar a funcionalidade e o atendimento à população, incluindo postos de saúde, centros comunitários, posto policial, hotel-escola, parque, arenas e quadras esportivas, além de áreas residenciais e comerciais, entre outras atividades e usos.
Propostas de Equipamentos Urbanos
O projeto propôs a inclusão de diversos equipamentos urbanos, visando atender às necessidades de um centro urbano de grande porte. Entre as principais propostas estão um hotel com aproximadamente 114 apartamentos, um hotel-escola, uma estação de tratamento de esgoto, passeios e trilhas, circuitos de treino, além de um loteamento residencial periférico, entre outras intervenções.
Área do Centro Comunitário
A área proposta é de extrema importância, pois visa atender às necessidades da população de um centro urbano, abrangendo os pilares dos deveres públicos, como segurança, lazer, educação e saúde. Todos esses serviços serão organizados sob a gestão de uma sede administrativa, garantindo o funcionamento adequado e eficiente das funções essenciais para a comunidade.
Lagoa Artificial
Após a exploração pela empresa mineradora, o local degradado será revitalizado e devolvido à população, com o objetivo de garantir a máxima eficiência possível, em contrapartida aos anos de extração mineral. Para isso, foi criado o Parque da Pedrita, que integra equipamentos públicos e privados, promovendo a recuperação ambiental e oferecendo à comunidade um espaço de lazer e convivência.
Área Comercial
A área comercial foi projetada com o objetivo de atender à nova centralidade urbana proposta, oferecendo suporte aos numerosos turistas que visitam as belas praias do distrito e regiões vizinhas, além de fomentar o comércio local e dinamizar a economia da área.
Gabarito e Estrutura de Mobilidade
O gabarito foi estipulado em até dois pavimentos, com o objetivo de garantir melhor mobilidade urbana e controle da densidade populacional. Essa estratégia visa evitar a massificação vertical e o surgimento de nós urbanos, promovendo um desenvolvimento mais equilibrado e fluido para os usuários e transeuntes.
Sistemas Viários e Adequação de Infraestrutura
Como um polo gerador de tráfego, o local deixa de ser apenas um ponto de passagem e serviço temporários, exigindo a adequação dos sistemas de transporte público e viário. A proposta inclui a duplicação da via principal, a Rodovia Antônio Luís Moura Gonzaga (SC-406), para atender à nova demanda gerada. Um dos principais focos da intervenção é a adequação do trecho que abrange o Trevo do Aeroporto, o cruzamento das Rodovias Deputado Dionísio Freitas e Jorge Lacerda (Expressa Sul), além da Rua Presidente Vieira, até o trevo entre a Rodovia SC-406 e a Rua Laurindo Januário da Silveira.
Adequação Viária e Infraestrutura Urbana
Este trecho já apresenta um aumento significativo no tráfego matinal e noturno, impulsionado pela demanda tanto profissional quanto recreativa, especialmente no verão, devido ao acesso às belas praias da região. Os afastamentos das edificações em relação à caixa de rodagem são, na maioria, adequados para a implementação de mais uma pista de rodagem em cada direção, o que contribuirá para melhorar o escoamento de veículos. A proposta também inclui a adequação dos equipamentos urbanos essenciais nas margens da rodovia duplicada, como pontos de ônibus, lixeiras, iluminação pública e calçadas, visando proporcionar maior conforto e segurança para os usuários da via.
Sistema de Transporte Público e Acessibilidade
O transporte público é um dos pilares norteadores deste projeto, reconhecendo a importância de suas dimensões e impacto, especialmente em um contexto de crescente atração turística e consequente aumento no tráfego de veículos e visitantes. Portanto, uma proposta robusta para o sistema viário e de transporte público é imprescindível.
O objetivo é melhorar a circulação da população, tanto para fins profissionais quanto recreativos. O programa prevê a redistribuição de incentivos e a introdução de duas novas linhas de transporte público: uma linha direta, voltada para o turismo, com paradas nos principais pontos turísticos da Ilha, e uma linha circular, com paradas em pontos estratégicos, nos terminais, para atender aos usuários cotidianos, proporcionando uma experiência mais eficiente e conveniente.
Cortes do Perfil Urbano
Reflexões de um Urbanista
As áreas públicas de lazer desempenham um papel crucial no cotidiano das populações, seja em grandes metrópoles, glebas ou cidades. Esses espaços de convivência são fundamentais, não apenas em regiões urbanas densamente povoadas, mas também em áreas residenciais, institucionais, comerciais e de lazer. Esse reconhecimento orienta a necessidade de um planejamento urbano adequado, visando a melhoria da qualidade de vida e a sustentabilidade de futuras gerações de moradores.
Em áreas carentes, o arquiteto urbanista possui as ferramentas necessárias para realizar intervenções urbanas, sejam elas pontuais ou amplas, com o objetivo de oferecer soluções eficazes e diretrizes claras, que promovam um planejamento dinâmico e eficiente, atendendo às necessidades dos usuários, sejam eles moradores permanentes ou transitórios.
Levanto questões poéticas essenciais, como: “Quais são os deveres e obrigações dos arquitetos?” Uma questão que confronta dilemas fundamentais da profissão, como: “Projetar para todos ou para alguns?” ou ainda, a responsabilidade inerente à profissão: “Fazer carreira e gerar lucro ou ajudar a população?”. Embora a resposta pareça óbvia – “As duas opções” – o arquiteto tem a responsabilidade de atender as necessidades dos clientes, seja no projeto de uma residência que ofereça conforto e conformidade com as normas, ou em um projeto imobiliário, que combine lucratividade com qualidade.
O arquiteto deve, ainda, atuar como um profissional capaz de antecipar e prevenir a falta de planejamento urbano, propondo soluções viáveis que atendam tanto ao uso público quanto privado, e garantindo a eficiência e o conforto para os usuários atuais e para as gerações futuras.
“Qualquer cidade, grande ou pequena, pode ser melhorada se os responsáveis por ela puderem transformar cada problema e cada potencial em uma causa compartilhada por toda a comunidade.” (Lerner, 2003)
Com essas reflexões, podemos estabelecer um entendimento global que guie a forma como planejamos e para quem projetamos, sempre buscando a integração harmoniosa com a natureza e com os habitantes que dela dependem.
