LY ARQUITETURA COMPARTILHADA

Ideologia Distinta

Concurso de Projetos FARO de Satélite – MEX4a7359

Cidade do Méxcio – MEX – 2009 – Concurso 4a7359 

LY  & OA arquitetura


Partido Arquitetônico

Em 2009, celebraram-se os 50 anos das Torres de Satélite, projeto icônico do arquiteto Luis Barragán em colaboração com o escultor Mathias Goeritz.

As torres simbolizam um marco para a recém-criada cidade de Naucalpán de Juárez, localizada na região metropolitana da Cidade do México, consolidando-se como um ícone da arquitetura moderna mexicana e mundial.

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Considerando o impacto histórico e cultural das torres, bem como seu processo de catalogação como patrimônio histórico nacional do México, o concurso tinha como premissa principal a concepção de um espaço que abrigasse a FARO (Fábrica de Artes e Ofícios).

A proposta visava dotar o espaço com a infraestrutura necessária para seu pleno funcionamento, em perfeita harmonia com a arquitetura estabelecida pelas imponentes Torres de Satélite.

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Luis Barragán, reconhecido mundialmente como um dos maiores expoentes da arquitetura moderna, deixou um legado que transcende o tempo e as fronteiras. Seu trabalho, caracterizado pela sensibilidade ao espaço, uso magistral da luz e integração com a paisagem, conquistou reconhecimento global, incluindo o prestigioso Prêmio Pritzker em 1980. As Torres de Satélite representam uma síntese de sua visão poética e funcional da arquitetura.

Ao lado de Barragán, Mathias Goeritz, renomado escultor e teórico da arte, trouxe sua genialidade criativa e conceitual para este marco icônico. Pioneiro no conceito de “arquitetura emocional”, Goeritz buscava transcender a funcionalidade pura, convidando as pessoas a vivenciar os espaços de forma mais profunda e significativa.

Essa colaboração única entre Barragán e Goeritz resultou em uma obra que não apenas transformou o skyline de Naucalpán de Juárez, mas também redefiniu a relação entre arte, arquitetura e urbanismo, consolidando seu lugar como um símbolo de inovação e inspiração cultural.

4.FARO MÉXICO


Pontos-chave da Proposta

Considerando a localização do projeto em uma região de alta densidade ocupacional, o principal objetivo da proposta foi garantir que a intervenção não comprometesse a contemplação das Torres de Satélite, nem obstruísse a visão dessas torres icônicas.

Ao mesmo tempo, foi fundamental refletir a época da intervenção, deixando essa característica explicitamente expressa na arquitetura, o que confere uma identidade própria à proposta.

Ao analisar o lote, percebe-se que a Praça das Torres de Satélite se encontra isolada da malha urbana circundante, devido às vias de rápido acesso que cortam o terreno longitudinalmente. A proposta procurou não interromper esse fluxo viário existente, dada a sua relevância, mas priorizou uma conexão peatonal direta entre a região e as torres.

A análise do terreno também revelou a variação de planos na região, o que se tornou uma diretriz importante para a concepção do espaço.

A proposta visou criar um edifício para a FARO (Fábrica de Artes e Ofícios) em diferentes planos, moldados conforme a topografia do terreno, promovendo uma conexão fluida entre os fluxos peatonais internos e a praça principal.

Assim, o projeto configura-se como uma grande área pública transformada, onde o edifício se abre, organiza os espaços e conecta seus usuários ao principal ponto da proposta: as Torres de Satélite.


6.FARO MÉXICO

Integração das Linhas do Tempo e Contemplação do Monumento

A intenção central do projeto é estabelecer uma relação simbólica e funcional entre o novo edifício e as Torres de Satélite, criando um diálogo entre as duas linhas do tempo. A proposta não se limita a uma simples coexistência espacial, mas busca uma integração profunda entre a arquitetura contemporânea da FARO e o legado histórico das torres, concebidas por Barragán e Goeritz.

Para isso, o projeto propõe um espaço livre que permita a contemplação do monumento de forma original e inovadora. Este espaço não apenas preserva a visão das torres, mas também oferece aos usuários uma experiência única de imersão e reflexão. A criação de um espaço de passagem e de permanência ao redor das Torres de Satélite permite que as pessoas possam vivenciar o monumento em diferentes perspectivas, integrando-se com sua presença e com a história que representa.

A arquitetura do novo edifício foi pensada para se adaptar ao terreno e ao contexto, respeitando e exaltando a importância das Torres de Satélite, ao mesmo tempo que introduz uma nova camada de significados temporais e espaciais. Dessa forma, o novo projeto não só homenageia a obra original, mas também cria um espaço que integra as duas linhas do tempo – o passado e o presente – de maneira orgânica, contínua e harmônica.


O Estopim da Edificação

A edificação foi projetada de maneira fluida, conduzindo os usuários através dos diferentes planos sem perder de vista as imponentes Torres de Satélite. O projeto é organizado em áreas administrativas, técnicas, de convívio, ensino e permanência, distribuídas pelos níveis térreo, intermediário, pilotis e superior. Dessa forma, o edifício se divide em dois espaços distintos: aberto e privado.

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As áreas administrativas e técnicas, incluindo as cabines de gravação e áudio/vídeo, ocupam o térreo do edifício, de maneira a possibilitar o controle de acesso sem criar barreiras físicas para os usuários.

No nível intermediário, encontra-se um auditório a céu aberto, que conecta a parte térrea do edifício a dois pontos principais do projeto: diretamente à praça principal, por meio de uma grande escadaria, ou à área da cafeteria, localizada na face oposta do prédio. Em ambas as opções, o fluxo conduz aos pilotis, também conhecidos como nível 0.00. Neste nível, estão as áreas de permanência, configuradas como uma praça seca elevada, permitindo a quem ali estiver uma visão panorâmica das Torres de Goeritz e Barragán. Este espaço é livre, aberto e acessível de todos os pontos da malha urbana, sem que haja qualquer barreira física que interfira na visualização das Torres de Satélite.

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Por fim, no pavimento superior, de acesso mais restrito, encontram-se as áreas de ensino, divididas em ateliês e salas de aula. O projeto foi concebido para garantir que o fluxo peatonal ao redor do edifício não seja interrompido, ao mesmo tempo em que privilegia a conexão visual com o entorno e, especialmente, com as Torres de Satélite.


A Praça

A Praça das Torres de Satélite é, por si só, uma intervenção emblemática. No entanto, com o passar dos anos, a proposta original foi distorcida. Acredita-se, portanto, que a melhor forma de preservar a identidade das Torres é retornar ao seu projeto original, limitando a praça a duas áreas verdes em suas extremidades e deixando o espaço central livre para as torres, sem barreiras ou interrupções, tal como foi originalmente idealizado pelos autores.

Nesta abordagem, surge o novo, claramente identificado como contemporâneo, com uma função que complementa e respeita o legado arquitetônico existente. Esta nova intervenção não busca copiar o passado, mas sim analisá-lo, compreendê-lo e, acima de tudo, respeitá-lo.

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A Sinergia Entre as Gerações

A criação de um projeto que dialoga com as Torres de Satélite é um exercício de respeito e continuidade entre gerações. Homenagear os precursores não significa substituir o antigo pelo novo, mas sim expandir suas ideias, integrando o legado passado com as novas perspectivas do presente. Cada geração, com sua linguagem própria, contribui para a construção de um espaço comum que transcende o tempo.

A verdadeira homenagem aos artistas e arquitetos de qualquer era está na capacidade de honrar sua obra com humildade, reconhecendo que o novo deve complementar o velho, criando um elo entre passado e futuro que enriquece ambas as partes.


Ficha técnica

Autores
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